quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Cumplicidade


A minha pergunta é um grito no meio de todo o silêncio, pelo desejo escondido, disfarçado, de fazer do meu mundo, uma surpresa na construção de lagos e lugares em que espraio todas as minhas vontades.

É um ser em meu rabiscar que diviniza concretamente o tempo que vejo em teus braços. Sou pequeno e grande em tudo o que vês em mim. Que eu não visiono, por humilde e imerecido.
Temos a imagem de inocentes certezas, pequenos pontos brilhantes soltos no espaço, pelo qual partimos em demanda. Sou a confissão em teus pensamentos. Leis escritas em reticências, naqueles muitos pontos que não foram nunca pontos finais. Em cada história reinventada um suspiro, um amor que se renova, um olhar que se bebe, uma palavra que embebeda, vontades que rejuvenescem. Acredito ser isso que me cativa no meio de tantos desencontros.

Essa cumplicidade, leves sorrisos, fugidios olhares, é o que me prende. Não é nem preciso que me contes dos teus caminhos, porque sei do calor que emana do teu corpo quando, no sofá, escuto o declamar de coisas que não conheço e tuas mãos correm em meus cabelos, com aquele jeito especial que é só teu. Cada fio enrolado em teus dedos é uma palavra de mim; um dizer que ofereço.Mergulho em teu olhar e o que vejo é puro prazer quando, sentindo muito além do que esperamos, as tuas mãos tocam-me nos lábios que, suavemente, com temor, deposito um beijo. Nesse instante de pura magia o coração acelera e como tudo que é mágico nos envolvemos em poesia.

A tua voz conhece o meu corpo, tantas foram as vezes desbravado, o tapete que tão bem conhece os nossos corpos e as nossas vontades e, por isso nos recebe. Se a noite é fria, nos aquecemos e de loucura nos cobrimos como feras em êxtase. Quero ficar perdido nesse sonho, real metáfora de uma saudade e acordar quando os teus lábios falarem aos meus do amor que somos nesse pensar e sentir. Somos a suprema fantasia, enleados numa mística realidade. Um deitar de corpos, um esculpir sereno de laços. Somos a construção do que construímos. Pedaços de textos e histórias em contrapontos. Grita em nós a pele que cobre o vermelho que a agita. Ama em nós o sentido que nos aproxima. Afinal quem és e como foi a tua aprendizagem a amar da forma que eu amo? Talvez seja a medida com que venho medindo. A palavra que espera um complemento. Ou talvez seja mesmo a metade de uma alma que deslumbrada cede ao toque e desperta sedenta desse amor que promete e que se realiza em mim. Pergunto sem cessar porque tenho tanto de ti. Por que é assim e por que confesso o intenso desbravar de sentires e quereres? Sou a tua vontade escondida, o reflexo do teu olhar e a simplicidade de uma sedução. Pois seja, eu confesso, parecemos inocentes certezas... Prova de que o amor não necessita de explicações; ele simplesmente acontece nos corpos que se procuram no infinito.

As Cartas Perdidas (Blogspot)