terça-feira, 16 de março de 2010

Uma nova etapa!



Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos seus próprios filhos. É que as crianças crescem independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados.
Crescem sem pedir licença à vida. Crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogância. Mas não crescem todos os dias de igual maneira. Crescem de repente. Um dia sentam-se perto de você no terraço e dizem uma frase com tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.
Onde é que andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços e o primeiro uniforme do Maternal? A criança está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil. E você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça!Ali estão muitos pais ao volante, esperando que eles saiam esfuziantes sobre patins e cabelos longos, soltos. Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão nossos filhos com o uniforme de sua geração: incômodas mochilas da moda nos ombros. Ali estamos, com os cabelos esbranquiçados.Esses são os filhos que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias, e da ditadura das horas. E eles crescem meio amestrados, observando e aprendendo com nossos acertos e erros. Principalmente com os erros que esperamos que não cometam. Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer para ouvir sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de adesivos, pôsteres, agendas coloridas e discos ensurdecedores.Há um período em que os pais vão ficando um pouco órfãos dos próprios filhos. Não mais os pegaremos nas portas das discotecas e das festas. Passou o tempo do ballet, do inglês, da natação e do judô. Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas.Não os levamos suficientemente ao Playcenter, ao Shopping, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas que gostaríamos de ter comprado. Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo o nosso afeto.Depois chegou o tempo em que viajar com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma e os primeiros namorados. Os pais ficaram exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram, mas, de repente, morriam de saudades daquelas "pestes".No princípio subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos, bolachas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscina e amiguinhos. Sim, havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de chicletes e cantorias sem fim."Chega o momento em que só nos resta ficar de longe torcendo e rezando muito (nessa hora, se a gente tinha desaprendido, reaprende a rezar) para que eles acertem nas escolhas em busca de felicidade. E que a conquistem do modo mais completo possível." O jeito é esperar: qualquer hora podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isso os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável carinho.Aprendemos a ser filhos depois que somos pais."Só aprendemos a ser pais depois que somos avós...".Os netos são a última oportunidade de re-editar o nosso afeto. Por isso é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que eles cresçam.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Bom dia!


Ei, você ai, dormiu bem essa noite?
Hum ... Está se sentindo apático, pessimista
com crises de choro, ou as mais diversas dores?
A vida então está monótona, Sem perspectivas?
E você que está só trabalhando pra sobreviver
E não sabe nem o que fazer com o tempo livre?
Ai ... São sintomas típicos da depressão.
Pra esse quadro, um terapeuta espanhol
vem receitando uma coisa simples,
Mas que as vezes assusta: UM AMANTE!!
É .. isso causa um espanto e até indignação.
E pra quem sai da consulta escandalizado,
o terapeuta explica (eu adoro essa explicação dele, preste atenção):
"Amante é aquilo que nos apaixona.
É o que toma conta do nosso pensamento
antes de pegarmos no sono
E é também aquilo que, às vezes,
nos impede de dormir.
O nosso amante é aquilo que nos mantém distraídos
em relação ao que acontece à nossa volta.
É o que nos mostra o sentido e a motivação da vida.
Às vezes encontramos o nosso amante
Em nosso parceiro.
Outras, em alguém que não é o nosso parceiro,
mas que nos desperta as maiores paixões.
Ai ... E sensações incríveis...
Também podemos encontrá-lo
na pesquisa científica, ou na literatura,
na música, na política, no esporte,
o trabalho, na espiritualidade, na boa mesa
no estudo, ou no prazer do passatempo predileto...
Enfim, amante é " alguém ", " alguém "
ou " algo " que nos faz namorar...
Nos faz namorar a vida
e nos afasta do triste destino de ...
Ah ... " ir levando ".
E o que é " ir levando "?
" Ir levando " é ter medo de viver.
É o vigiar a forma como os outros vivem
- o vizinho...
É o se deixar dominar pela pressão,
tomar remédios multicoloridos,
afastar-se do que é gratificante,
observar até decepcionado, cada ruga nova
que o espelho mostra.
É se aborrecer com o calor, ou com o frio,
Com a umidade, com o sol, ou com a chuva.
" Ir levando " é adiar a possibilidade de desfrutar,
Ai ... desfrutar o hoje, fingindo se contentar
com a incerta e frágil ilusão de que talvez,
talvez, possamos realizar algo.
Quando? Amanhã.
Ah, por favor, não se contente com " ir levando "!.
Procure um amante, ou uma amante,
e seja também um amante!
E um protagonista da sua vida...
Acredite: o trágico não é morrer,
afinal, a morte tem boa memória
E nunca se esqueceu de ninguém...
O trágico é desistir de viver;
por isso, e sem mais delongas,
procure um amante ...
É preciso Namorar a Vida.