quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Adriana Pitanga





Finzinho de dia chuvoso ouvindo "meu" Chico. Deu vontade de postar.Gosto de fazer( e só faço) as coisas quando tenho vontade. Acho que tenho aprendido a ser assim. Com toda a minha complicadeza eu sou uma pessoa simples. Aprendi que toda vez que menti, principalmente para mim mesma, e não fui fiel aos meus desejos, me ferrei. Então, passei a não fazer mais isso. E meus desejos são cada vez mais simples: quero ler bons livros, quero ouvir música, quero dançar cada vez mais, quero ver bons filmes,sorrir,chorar e amar.
Quero curtir minha casa.
Quero cozinhar para as pessoas que amo, receber meus amigos.
Quero fazer amor, quero ter amores...
Quero dormir quando tenho sono (mesmo que em horários não convencionais), comer quando tenho fome (idem) e poder ficar quieta quando não tenho vontade de falar(mesmo que raro, rs!).
Quero conversar e contar tudo do meu dia, nos mínimos detalhes, quando tenho vontade de falar e contar tudo do meu dia, nos mínimos detalhes. Mesmo que isso não interesse a ninguém...
Quero o meu corpo cada vez mais alongado e forte, quero sentir-me inteira.
Quero ter tranquilidade e leveza na vida, e não me angustiar com o que não tem solução. Por isso busco tratar o que me deixa o contrário disso, sem controle...
Quero andar pela praia, observar as pessoas, ouvir suas conversas, aprender e trocar com elas. Quero ter a coragem de pagar para ver e quero de graça também...
Quero que as pessoas que eu amo saibam disso, mesmo que às vezes eu suma e fique muito tempo sem aparecer...
Quero falar sozinha na rua e sorrir sem nem perceber...
Quero que me descubram e explorem cada parte do meu corpo, com fascínio, humor, prazer...
Quero viver cada vez mais simples, conversar e estar com pessoas inteligentes e livres. Quero sentir os cheiros do mundo, como o do café que me chega, agora, da minha cozinha. Quero fechar os olhos e respirar fundo. Quero sentir o gosto da comida que como e desmanchar-me na bebida que bebo. Quero sonhar muito e ser sonhada. Viver muito, junto e só, múltipla e inteira.
Quero poder viver bem junto ao meu tempo e ser dona das coisas, mesmo que elas não caibam no dia, quero que minha vida me pertença e que ninguém tenha nada com isso, a não ser que eu tenha aberto a porta, para a pessoa entrar. Poucas coisas, cada vez menos coisas, e cada vez melhores. Quero ser simples, quero ser o que sou, hoje, agora. Quero. Quero muito. E querer liberta. Nestes minutos que se passaram (não sei quantos), apenas quis. E fui livre. Sou livre. Serei livre.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A samambaia e bambu



Certo dia decidi dar-me por vencido. Renunciei ao meu trabalho, às minhas relações, e à minha fé.Resolvi desistir até da minha vida.Dirigi-me ao bosque para ter uma última conversa com Deus.“Deus, eu disse:Poderias dar-me uma boa razão para eu não entregar os pontos?” Sua resposta:“Olha em redor Estás vendo a samambaia e o bambu?”“Sim, estou vendo”, respondi.Pois bem. Quando eu semeei as samambaias e o bambu, cuidei deles muito bem. Não lhes deixei faltar luz e água.A samambaia cresceu rapidamente.Seu verde brilhante cobria o solo."Porém, da semente do bambu nada saía.Apesar disso, eu não desisti do bambu. No segundo ano, a samambaia cresceu ainda mais brilhante e viçosa.E, novamente, da semente do bambu, nada apareceu. Mas, eu não desisti do bambu.No terceiro ano, no quarto, a mesma coisa… Mas, eu não desisti. Mas… no quinto ano, un pequeno broto sai da terra. Aparentemente, em comparação com a samambaia, era muito pequeno , até insignificante.Seis meses depois, o bambu cresceu mais de 50 metros de altura.Ele ficara cinco anos afundando raízes.Aquelas raízes o tornaram forte e lhe deram o necessário para sobreviver.“A nenhuma de minhas criaturas eu faria um desafio que elas não pudessem superar”. "E olhando bem no meu íntimo, disse: Sabes que durante todo esse tempo em que vens lutando, na verdade estavas criando raízes? Eu jamais desistiria do bambu. Nunca desistiria de ti.Não te compares com outros”.“O bambu foi criado com uma finalidade diferente da samambaia, mas ambos eram necessários para fazer do bosque um lugar bonito”.“Teu tempo vai chegar” disse-me Deus."Crescerás muito!" Quanto tenho de crescer? perguntei.“Tão alto como o bambu?” foi a resposta.E eu deduzi: Tão alto quanto puder!Espero que estas palavras possam ajudar-te a entender que Deus nunca desistirá de ti.Nunca te arrependas de um dia de tua vida. Os bons dias te dão felicidade.Os maus te dão experiência. Ambos são essenciais para a vida.A felicidade te faz doce.Os problemas te mantêm forte.As penas te mantêm humano.As quedas te mantêm humilde. O bom êxito te mantém brilhante.Mas, só Deus te mantém caminhando...

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Ninguém pode lhe fazer mal sem sua permissão. Não dê.


A cada dia fica menor o tempo para a contemplação, para o refletir, para o pensar. E isso é triste... Se não pensamos, deixamos de existir. É cartesiano, mas é verdade. Se não existimos, não estamos aqui... estamos em qualquer outro lugar, mas nunca no momento em que estamos vivendo. Somos zumbis, manequins, bonecos. Sempre além, sempre ausentes, frios... Me lembrei do Gustavo Oviedo me falando sobre os nossos "zumbis"... Afe!... Manipuláveis e manipulados.

Não quero. Não vou. Não posso!!!!

Não vou me deixar ensurdecer pelo barulho dessa vida louca. Preciso, constantemente, me exercitar e me lembrar de fechar os olhos para o mundo a fim de enxergar a poesia das coisas. A fim de ouvir a música dos dias. A melodia das horas. De admirar a "dança das cores", odores, sabores e amores que permeiam nossa vida.

Ainda existe luz em alguns sorrisos. Ainda encontramos conforto em certos abraços. Ainda é possível sentir doçura em algumas palavras. Ainda há felicidade nos encontros. Ainda há esperança nos olhares. Ainda tem gente que procura genuinamente ser feliz... Não ser mais rico, mais bem sucedido, mais bem relacionado, mais bonito, mais magro, mais qualquer outro valor que porventura esteja na moda por aí…Mas, total e simplesmente, feliz.

E é malditamente clichê (sempre digo que a verdade está nos clichês... rs!) - a felicidade está tão próxima, tão escondida em pequenas coisas que simplesmente não notamos.

Eu ainda páro e abro os braços para sentir o vento (no calçadão é ótimo fazer isso!). Eu converso com flores, gatos, cachorros, bebês... Eu canto enquanto cozinho e escrevo cartas apaixonadas (envio pelos correios!) para meu amor. E eu digo "eu te amo" a todos que eu sinto amor. Eu danço Belle & Sebastian (adoro!!!) com minhas filhas (as poodles) no meio do quart à noite... Eu reconheço algumas pessoas pelo cheiro. Não o cheiro de CC, obviamente (rs!!!), mas pelo cheiro característico delas. Eu sei quando meus chegados estão chateados pelo seu tom de voz... Eu ainda toco as pessoas. As abraço, seguro em suas mãos, as beijo e faço questão de demonstrar a elas o quanto são importantes para mim. Pra mim, isso é viver e sentir, é trocar. É ser total e completamente humano.

Não vou deixar essa vida me endurecer. Porque quando endurecemos, quebramos. Quero ser fluida, flexível, mutável, líquida. E preencher cada reentrância que essa vida me reservar…Para então, um dia, quem sabe…Transbordar.

terça-feira, 16 de março de 2010

Uma nova etapa!



Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos seus próprios filhos. É que as crianças crescem independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados.
Crescem sem pedir licença à vida. Crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogância. Mas não crescem todos os dias de igual maneira. Crescem de repente. Um dia sentam-se perto de você no terraço e dizem uma frase com tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.
Onde é que andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços e o primeiro uniforme do Maternal? A criança está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil. E você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça!Ali estão muitos pais ao volante, esperando que eles saiam esfuziantes sobre patins e cabelos longos, soltos. Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão nossos filhos com o uniforme de sua geração: incômodas mochilas da moda nos ombros. Ali estamos, com os cabelos esbranquiçados.Esses são os filhos que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias, e da ditadura das horas. E eles crescem meio amestrados, observando e aprendendo com nossos acertos e erros. Principalmente com os erros que esperamos que não cometam. Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer para ouvir sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de adesivos, pôsteres, agendas coloridas e discos ensurdecedores.Há um período em que os pais vão ficando um pouco órfãos dos próprios filhos. Não mais os pegaremos nas portas das discotecas e das festas. Passou o tempo do ballet, do inglês, da natação e do judô. Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas.Não os levamos suficientemente ao Playcenter, ao Shopping, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas que gostaríamos de ter comprado. Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo o nosso afeto.Depois chegou o tempo em que viajar com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma e os primeiros namorados. Os pais ficaram exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram, mas, de repente, morriam de saudades daquelas "pestes".No princípio subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos, bolachas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscina e amiguinhos. Sim, havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de chicletes e cantorias sem fim."Chega o momento em que só nos resta ficar de longe torcendo e rezando muito (nessa hora, se a gente tinha desaprendido, reaprende a rezar) para que eles acertem nas escolhas em busca de felicidade. E que a conquistem do modo mais completo possível." O jeito é esperar: qualquer hora podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isso os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável carinho.Aprendemos a ser filhos depois que somos pais."Só aprendemos a ser pais depois que somos avós...".Os netos são a última oportunidade de re-editar o nosso afeto. Por isso é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que eles cresçam.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Bom dia!


Ei, você ai, dormiu bem essa noite?
Hum ... Está se sentindo apático, pessimista
com crises de choro, ou as mais diversas dores?
A vida então está monótona, Sem perspectivas?
E você que está só trabalhando pra sobreviver
E não sabe nem o que fazer com o tempo livre?
Ai ... São sintomas típicos da depressão.
Pra esse quadro, um terapeuta espanhol
vem receitando uma coisa simples,
Mas que as vezes assusta: UM AMANTE!!
É .. isso causa um espanto e até indignação.
E pra quem sai da consulta escandalizado,
o terapeuta explica (eu adoro essa explicação dele, preste atenção):
"Amante é aquilo que nos apaixona.
É o que toma conta do nosso pensamento
antes de pegarmos no sono
E é também aquilo que, às vezes,
nos impede de dormir.
O nosso amante é aquilo que nos mantém distraídos
em relação ao que acontece à nossa volta.
É o que nos mostra o sentido e a motivação da vida.
Às vezes encontramos o nosso amante
Em nosso parceiro.
Outras, em alguém que não é o nosso parceiro,
mas que nos desperta as maiores paixões.
Ai ... E sensações incríveis...
Também podemos encontrá-lo
na pesquisa científica, ou na literatura,
na música, na política, no esporte,
o trabalho, na espiritualidade, na boa mesa
no estudo, ou no prazer do passatempo predileto...
Enfim, amante é " alguém ", " alguém "
ou " algo " que nos faz namorar...
Nos faz namorar a vida
e nos afasta do triste destino de ...
Ah ... " ir levando ".
E o que é " ir levando "?
" Ir levando " é ter medo de viver.
É o vigiar a forma como os outros vivem
- o vizinho...
É o se deixar dominar pela pressão,
tomar remédios multicoloridos,
afastar-se do que é gratificante,
observar até decepcionado, cada ruga nova
que o espelho mostra.
É se aborrecer com o calor, ou com o frio,
Com a umidade, com o sol, ou com a chuva.
" Ir levando " é adiar a possibilidade de desfrutar,
Ai ... desfrutar o hoje, fingindo se contentar
com a incerta e frágil ilusão de que talvez,
talvez, possamos realizar algo.
Quando? Amanhã.
Ah, por favor, não se contente com " ir levando "!.
Procure um amante, ou uma amante,
e seja também um amante!
E um protagonista da sua vida...
Acredite: o trágico não é morrer,
afinal, a morte tem boa memória
E nunca se esqueceu de ninguém...
O trágico é desistir de viver;
por isso, e sem mais delongas,
procure um amante ...
É preciso Namorar a Vida.